INTRODUÇÃO

Sim, tal como acontece com os humanos e outros animais, pode ocorrer cegueira nos coelhos e é importante reconhecer esta condição para ajudar o seu animal de estimação.

SINTOMAS DE CEGUEIRA EM COELHOS

Os sintomas geralmente incluem:

• As pupilas estão sempre dilatadas ou parecem assimétricas.
• Olhos vermelhos ou inchados.
• O olho tem uma cor esbranquiçada, como se houvesse uma camada acinzentada à frente do cristalino (cataratas).
• Tropeça ou esbarra em tudo o que encontra no seu caminho.
• Assusta-se mais facilmente com os sons do que antes.
• Não capta os estímulos visuais.
• Age com muita cautela.
• Fica rapidamente ansioso quando entra em locais desconhecidos.
• Anda muito perto das paredes.
• Movimentos lentos.
  
  

CAUSAS DE CEGUEIRA NOS COELHOS

• IDADE: Tal como nos seres humanos, com o passar dos anos a visão diminui e, por vezes, os coelhos perdem-na completamente num ou em ambos os olhos.
  
  

• CATARATAS: A opacidade ou turvação do cristalino do olho causa visão turva. Normalmente é mais frequente nos coelhos mais velhos.
  
  

• ENCEFALITOZOON CUNICULI (E.CUNI): Doença provocada por um parasita intracelular que pode desencadear uma série de problemas de saúde, como paralisia parcial ou total, falta de coordenação, afetação do coração, fígado, pulmões e rins, entre outros. Uma das lesões mais comuns que produz no olho é a uveíte facoclástica, que afecta a visão do coelho.
  
  

• ABSCESOS: Acumulação de pus, que gera inflamação e dor. Origina-se como consequência de uma infeção e, para se proteger, o organismo produz em qualquer parte do corpo. Podem existir abcessos retrobulbares (atrás do globo ocular), que podem comprimir determinados nervos, causando perda de visão, ou mesmo, em alguns casos, podem causar a perda de vitalidade do globo ocular, necessitando de cirurgia. Normalmente, os abcessos retrobulbares estão relacionados com problemas dentários, pelo que é essencial que o seu coelho seja examinado periodicamente pelo seu médico.
  
  

• GLAUCOMA: Ocorre um aumento da pressão intraocular, que afecta a retina e impede a regulação do líquido, provocando um excesso ou falta de líquido. A longo prazo, provoca cegueira.
  
  

• TRAUMATISMO: Um traumatismo grave no olho pode provocar a perda de visão ou a perda total do globo ocular.
  
  

• CEGUEIRA DE NASCIMENTO: A cegueira de nascimento é uma doença congénita ou hereditária que se pode constatar quando o coelho abre os olhos entre os 10 e os 13 dias de vida, observando que estes são esbranquiçados.
  
  

O MEU COELHO PODE TER UMA VIDA DIGNA SENDO CEGO?

Sim, a cegueira não é motivo para sacrificar um animal nem para pensar que não terá uma vida digna, desde que este incómodo não lhe cause dor física e que adaptemos a nossa casa e o nosso comportamento à sua deficiência, o nosso coelho será muito feliz e viverá a vida média habitual de qualquer outro coelho (depende também da raça e do estilo de vida e alimentação que tenha), isto é, entre 7 e 12 anos.

COMO ADAPTAR A MINHA CASA AO MEU COELHO CEGO?

É essencial que a ordem das coisas na sua casa não seja alterada. Ou seja, não altere a distribuição dos objectos e dos móveis, a não ser que eles representem um perigo real para a vida do seu coelho quando ele sair da gaiola.

Lembre-se que se ele está familiarizado com o espaço há anos, ele saberá de cor onde se movimentar, por isso qualquer mudança que faça, se ele perder a visão, ser-lhe-á prejudicial. Isso só fará com que o coelho se sinta mais inseguro e causará stress.

Guarde simplesmente os objectos que lhe possam fazer mal.

É também importante observar os seus passos no início para o ajudar se necessário. Deve também examinar o seu comportamento na gaiola e a forma como ele interage com os objectos da gaiola.

Por exemplo, tenha em atenção que o bebedouro está muitas vezes ao nível dos olhos, por isso, se ele não estiver familiarizado com ele, pode magoar-se quando for beber.

Se ele precisar de mais espaço pessoal, o ideal é agir progressivamente. Por exemplo, movendo de vez em quando a gaiola do coelho alguns centímetros. Ao mesmo tempo, deve guiá-lo pouco a pouco, sem pressão, para que ele se habitue.

Se o seu animal de estimação está em casa há pouco tempo e não está habituado ao espaço exterior da gaiola, é aconselhável que, no início, tenha um espaço delimitado e que depois aumente o perímetro.

É muito importante ter em conta a forma como interage com um coelho cego.

O ideal é que, ao aproximar-se dele, lhe fale com uma voz suave para que ele se aperceba da sua presença e não o faça de uma só vez quando já estiver ao seu lado. Isso pode assustá-lo muito.

Por outro lado, não o pegue ao colo, a não ser que seja estritamente necessário, pois ele pode sentir-se muito desorientado quando o voltar a deitar no chão. Se segurar o seu coelho cego nos braços, volte a colocá-lo no mesmo sítio.

CONCLUSÃO

Quando o nosso animal de estimação desenvolve ou nasce com um problema específico, é importante que façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para tentar resolvê-lo ou dar-lhe o melhor estilo de vida possível, mesmo que isso signifique mudar a nossa rotina. É extremamente importante sermos responsáveis quando temos um animal nas nossas mãos, mas ainda mais quando esse animal é deficiente, pois depende ainda mais de nós.