O seu nome diz tudo: o coelho azul de Viena é originário da Áustria. Não só é bonito com o seu pelo azul-acinzentado...
AS DIFERENTES FORMAS DE REPRODUÇÃO NA REPRODUÇÃO SELECTIVA
INTRODUÇÃO
Este artigo é um pouco mais especializado e pode não ser importante para alguns dos nossos leitores, mas do nosso ponto de vista o conhecimento é poder e é importante, se gosta de animais, saber o máximo possível sobre eles para poder alargar os seus conhecimentos e falar corretamente.
No mundo dos animais de estimação existe muita desinformação, lendas negras e mitos, entre eles os que dizem respeito à criação de animais; isto sente-se especialmente no mundo da política e nas decisões que tomam sobre o assunto.
Quando se fala em reprodução de animais, muitas pessoas pensam ou transmitem o que acontece com os humanos, com as famílias nobres da antiguidade e o que se vê nos filmes e na televisão, ignorando o facto de que a mistura de sangue, a consanguinidade ou o encerramento de linhagens nos animais nada tem a ver com o que acontece nas pessoas.
QUE TIPOS DE CRIAÇÃO EXISTEM?
No mundo da criação de animais de companhia existem diferentes formas de criação e todas elas têm um objetivo que deve ser muito bem estudado e não “fazer por fazer”, por isso é tão importante estudar bem as linhagens que temos, saber bem o que procuramos e como o procurar, caso contrário podemos deparar-nos com problemas facilmente evitáveis:
- OUTCROSSING: Outcrossing é o cruzamento entre dois animais que não são parentes entre si, também conhecido como “cruzamentos abertos”. Os cruzamentos abertos são efectuados quando é necessário abrir uma linha de sangue fechada ou muito fechada para renovar a genética ou para introduzir um traço caraterístico na linha de sangue fechada. Normalmente é feito numa base ad hoc e é de certa forma arriscado porque pode acontecer que estes animais não sejam compatíveis entre si e dêem descendência de má qualidade ou defeituosa; no caso dos coelhos é a forma mais fácil de obter má oclusão, por exemplo.
Muitos criadores só fazem cruzamentos abertos com animais de criadores que já conhecem e depois de terem estudado os seus pedigrees. - LINEBREEDING: “Linebreeding” define a reprodução em linha ascendente ou descendente, em que o mesmo macho (normalmente) é cruzado com a sua filha e neta e depois esse bisneto é cruzado com um animal que tenha um mínimo de 50% de sangue novo.
(Em cima: Exemplo de cruzamento em linha em 4 gerações)
- INBREEDING: “Inbreeding” define o cruzamento entre irmãos do pai e da mãe com 100% de material genético em comum, podendo também incluir meios-irmãos (50% de sangue em comum). Este tipo de cruzamento pode parecer muito criticável, mas é utilizado esporadicamente para descartar qualquer tipo de doença ou malformação genética que possa estar escondida na linhagem. Para efetuar este cruzamento, o criador tem de conhecer muito bem os animais que tem nas suas mãos e, a descendência que sobra deste cruzamento, deve depois ser unida a um animal que tenha um mínimo de 75% de sangue diferente (ou recorrer ao “outcrossing”).
- CRUZAMENTO: Este é o cruzamento feito pela grande maioria dos pseudo-criadores, particulares e quintas de animais, mas sabia que também há criadores que o fazem com um objetivo claro e com a autorização do seu clube?
Os cruzamentos controlados (e supervisionados) são sempre feitos com um objetivo claro, que pode ser melhorar a saúde de uma determinada raça, melhorar uma caraterística física, criar uma nova raça (o que demora vários anos ou mesmo décadas a conseguir) ou introduzir um novo tipo de cor ou padrão de cor numa raça já estabelecida (isto acontece muito nos coelhos).
Para que uma nova raça ou padrão de cor seja reconhecido são necessários vários anos e só deve ser feito por profissionais, estes animais devem ser apresentados em exposições de reconhecimento e é o clube que decide se são considerados uma nova raça/variedade ou não. É essencial que as caraterísticas procuradas sejam estáveis e ocorram em pelo menos 4 gerações diferentes e que sejam estáveis. Além disso, um certo número de cães não consanguíneos deve estar presente para que haja variedade genética. Isto pode ser visto nos Dálmatas LUA, sobre os quais falaremos no seu próprio artigo.
A maioria das pessoas que o fazem de forma controlada são criadores ou juízes de exposições com vários anos de experiência. Os “mestiços de design” (cães) ou as cores exóticas (cães) não se enquadram nesta categoria, uma vez que o único objetivo é ganhar dinheiro.
CONSANGUINIDADE RESPONSÁVEL
Como já vimos, não é assim tão fácil cruzar dois animais, a consanguinidade responsável (cruzamento de animais com sangue em comum) é fundamental e muitas pessoas não querem acreditar ou pensam que é irresponsável, pensando que os animais serão mais fracos ou terão malformações. Isso pode ser verdade até um certo ponto, mas para isso deve ser praticado de forma responsável, estudando muito bem as linhagens, pedigrees, sabendo tirar a percentagem de sangue em comum (algumas aplicações de reprodução virtual fazem-no), etc.
A consanguinidade responsável ajuda a melhorar os traços físicos (acentua tanto os bons como os maus), ajuda a controlar a saúde de uma determinada linhagem, traz à luz cores que se perderam na árvore genealógica (coelhos) ou antecipa em vários anos o trabalho de criação de um criador, o que lhe permite ganhar muito tempo.
Não pode ser feito sem mais nem menos nem de ânimo leve, pois uma criação demasiado próxima (isto acontece muito com criadores novatos que não querem conselhos ou com pessoas sem escrúpulos que não querem saber de nada) pode levar a diferentes problemas de saúde, a uma genética mais fraca ou a malformações.
POSSO CRIAR BEM FAZENDO SEMPRE CRUZAMENTOS ABERTOS?
Sim, pode (e há pessoas que insistem em fazê-lo sempre) mas só com cruzamentos abertos essa mesma linha de sangue e o seu trabalho como criador nunca chegará a lado nenhum pois as caraterísticas desejadas nunca serão fixadas e voltaremos sempre à estaca zero.
UMA LINHA DE SANGUE FECHADA PODE SER SAUDÁVEL?
Claro que sim, para além do facto de ser muito mais improvável que uma linha de sangue assim desenvolva doenças ou malformações do que um cruzamento aberto, porquê? Porque o criador conhece todos os animais que a compõem, sabe as suas caraterísticas, pode verificar tudo em primeira mão....
O próprio criador abre o cruzamento quando é necessário e depois volta a recorrer ao cruzamento em linha, embora esta forma de cruzamento dependa também da espécie animal.
CONCLUSÃO
Existem muitas formas de reprodução e todas elas devem ser feitas de uma forma responsável, estudando muito bem o que temos nas mãos e não forçando demasiado as coisas. Isto requer anos de estudo e de preparação, por isso, se formos novos no mundo da criação, é essencial ter alguém ao nosso lado que nos aconselhe e nos diga a melhor maneira de proceder. A compra de livros sobre raças, criação e genética é também uma grande ajuda.
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