INTRODUÇÃO

Muitas vezes temos visto em grupos latino-americanos (principalmente) que alguns criadores ou proprietários de coelhos acham normal e recomendam que seus coelhos se reproduzam no chão, em suas próprias tocas que fazem no jardim de sua casa, mas, embora isso seja normal na natureza, será que é recomendável?

A MINHA COELHA VAI SER MÃE, DEVE FAZER O SEU NINHO NO CHÃO?

Não, de modo algum. Embora seja verdade que os coelhos selvagens constroem enormes tocas e que essas mesmas ninhadas nascem nelas, não nos podemos esquecer que os coelhos selvagens e os coelhos domésticos têm diferenças substanciais e uma delas é que os coelhos domésticos gozam de maior conforto e segurança (regra geral) do que os seus primos selvagens. Os coelhos domésticos são muito mais delicados e o momento do parto é extremamente sério e exige que façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para que a mãe esteja confortável e as crias nasçam num ambiente seguro. Os macacos dão à luz na selva, sem ajuda nem meios. Desejaria o mesmo para a sua mulher, a sua irmã, a sua filha ou um amigo? Se tivermos a possibilidade de os fazer sentir-se bem (ainda mais quando se trata de uma ninhada desejada e não acidental), devemos esforçar-nos por lhes dar algo mais do que um buraco no chão que, sem dúvida, pode causar muitos problemas e aborrecimentos evitáveis.

PERIGOS DE DEIXAR A COELHA REPRODUZIR-SE NO CHÃO DE TERRA

O primeiro perigo é o mais lógico de todos: não podemos saber o que se passa no seu interior. Não sabemos se as crias estão vivas, se alguma morreu, se alguma precisa de ajuda ou se a própria mãe teve algum acidente (como uma distócia ou uma hemorragia interna), podemos nunca mais ver a mãe se ela morrer durante o parto e teremos muita dificuldade em chegar à toca.

Se o solo for demasiado mole, pode haver deslizamentos de terra no caminho de ida e volta da mãe ou em caso de chuva forte, pelo que as crias podem ser esmagadas ou sufocadas até à morte; se chover, a toca pode ficar inundada, podem ser atacadas por algum tipo de predador que lhes tenha acesso e, o caso mais comum de todos os que já vimos: as formigas podem atacá-las e matá-las numa questão de horas.

Quer se trate de uma ninhada acidental ou não, é nosso dever proporcionar-lhe o máximo de segurança possível.

HIGIENE E SEGURANÇA NUMA CRIAÇÃO RESPONSÁVEL

Nenhum criador ético permite que as suas cadelas procriem no chão, não só pelas razões acima mencionadas, mas também porque não está dentro dos seus princípios, nem é permitido no regulamento geral de muitos clubes especializados.

É essencial dispor de instalações seguras para o animal (para que não se possa magoar, fugir delas e para que as probabilidades de entrada de um verme sejam mínimas ou nulas), assim como a higiene (devem ser desinfectadas com produtos sem lixívia, ter ventilação, redes mosquiteiras nas janelas...) deve ser o mais cuidada possível para evitar o aparecimento de doenças, pragas e contágios.

Tudo isto não pode ser feito se a coelha der à luz no chão, pode ter contacto com ele como um jogo, claro, pois isso enriquecerá a sua vida diária nas horas que permanece fora da sua gaiola ou recinto, mas nunca dar à luz nele.

As crias deveriam ser examinadas três vezes por dia durante os primeiros 10-12 dias para verificar se se alimentam bem, se não há pêlos ou feno nas suas pernas ou pescoço que possam causar uma lesão irreversível à cria, e para remover as que possam morrer durante ou após o nascimento (e que de outra forma se tornariam uma fonte de infeção).... Isto só pode ser feito em instalações controladas; se a nossa coelha der à luz no solo, não o poderemos fazer e só teremos de rezar e esperar que nada aconteça antes dos 21-25 dias (quando os coelhinhos começarão a sair da toca e a explorar).

CONCLUSÃO

Como podemos ver, é totalmente irresponsável que a nossa coelha dê à luz as suas crias num buraco no jardim, oferecer-lhe um lugar seguro e limpo para trazer as suas crias ao mundo é fundamental e o mais básico dos básicos se se tratar de uma ninhada intencional (juntámos o macho e a fêmea para podermos ter uma ninhada dos dois).