INTRODUÇÃO

Muitos porquinhos-da-índia são vistos a viver com coelhos; no entanto, esta coabitação forçada está longe de ser segura. Infelizmente, esta prática está longe de desaparecer.

Um porquinho-da-índia só pode viver com um porquinho-da-índia e um coelho só pode viver com um coelho!

Todos nós já vimos pessoas que têm o seu porquinho-da-índia e o seu coelho a viverem juntos, dizendo que está tudo bem e que os dois animais são “muito amigos”; este tipo de coabitação é muito comum. No entanto, nunca deve fazer coexistir várias espécies, por várias razões.

O PORQUINHO-DA-ÍNDIA É MAIS FRÁGIL E MAIS FRACO

Para começar, a força do coelho é muito maior do que a do porquinho-da-índia, quer o coelho pese 900 gramas em adulto ou 5 quilos, a força dos seus pontapés pode causar muitos danos ao porquinho-da-índia. Os porquinhos-da-índia são animais frágeis (sobretudo o dorso) e podem facilmente sofrer fracturas, não conseguem fugir tão rapidamente como deveriam de um coelho que os queira atacar e, em caso de luta, a desvantagem é enorme.

OS COELHOS E OS PORQUINHOS-DA-ÍNDIA COMUNICAM DE FORMA DIFERENTE

Os coelhos e os porquinhos-da-índia comunicam com os humanos e entre si de formas muito diferentes, enquanto a comunicação do coelho é principalmente não-verbal, o porquinho-da-índia é um animal muito vocal, os ruídos que fazem são muito variados e o coelho não compreende o seu significado, por isso, quando o porquinho-da-índia faz ruídos de desconforto, medo ou calor, não significam nada para o coelho. A época do cio pode ser muito perigosa para o porquinho-da-índia, pois se uma das cobaias der sinais de cio (ronronar e mexer as ancas) e a outra não o quiser fazer, ela avisá-lo-á, quer seja deixando-o ou protestando; o coelho montará diretamente nela e mordê-la-á nas costas, o que pode causar muito stress ao porquinho-da-índia, ferimentos e até fracturas.

Isto não acontece apenas durante a época do cio, mas também devido à própria territorialidade do coelho e ao facto de a montaria ser feita tanto por machos como por fêmeas.

VITAMINA C

Em várias ocasiões mencionámos a grande importância da vitamina C na dieta dos porquinhos-da-índia, que não a conseguem sintetizar, pelo que temos de a administrar através de suplementos e de uma dieta variada, uma vez que a falta de vitamina C nos porquinhos-da-índia produz escorbuto, uma doença que, se não for tratada a tempo, pode ser fatal.

No caso dos coelhos, uma sobredosagem de vitamina C pode causar descompensação, pelo que não podem ser alimentados da mesma forma que os porquinhos-da-índia (e os porquinhos-da-índia não podem ser alimentados da mesma forma que os coelhos).

BORDETELLA BRONCHISEPTICA

A Bordetella bronchiseptica é reconhecida como um agente patogénico primário precoce do trato respiratório dos animais domésticos, podendo causar tosse do canil (cão), respiração ruidosa (em coelhos) e rinite atrófica (em suínos). Tal como acontece com a E.Cuni, 80% dos coelhos domésticos são portadores desta bactéria, mas é pouco provável que sejam afectados ou apresentem sintomas; as cobaias, por outro lado, são muito susceptíveis de contrair e morrer de infecções pulmonares causadas pela Bordetella bronchiseptica.

CONCLUSÃO

Como vimos, podemos ter ambas as espécies (coelhos e porquinhos-da-índia) como animais de estimação, podendo mesmo viver na mesma divisão, desde que os seus habitats sejam diferentes e não entrem em contacto uns com os outros. Mantê-los juntos livremente pode causar-nos bastantes problemas, especialmente para o nosso porquinho-da-índia, que pode sofrer diferentes lesões ou mesmo a morte no pior dos casos.

Como donos de seres vivos, temos de assegurar o seu bem-estar de uma forma responsável, o que inclui não romantizar certas coisas, como a coexistência entre espécies, sem mais delongas.